“O vitiligo não deve definir a sua personalidade, nem suas oportunidades de trabalho.”
É assim que Jeane Oliveira, modelo que convive com a dermatose desde os 12 anos, explica o impacto da doença em sua vida. Para ela, a condição não impede que ninguém faça o que deseja e deve ser encarada como uma característica física como tantas outras. Ela afirma que conhece a doença como parte dela, mas nega que a dermatose oriente as suas qualidades enquanto indivíduo.
Confira a entrevista que fizemos com ela:
O que responder a alguém que diz que você "sofre" de vitiligo?
A melhor abordagem é sempre o esclarecimento. É importante indicar que essa característica não me traz nenhuma complicação. É só uma característica – como ter olhos azuis ou verdes, cabelos cacheados ou lisos. Enfim, é algo que faz parte de mim, de quem eu sou, mas nem por isso me define. Eu gosto de usar a expressão “tenho vitiligo”. Acho mais adequado.
Quais situações de estigma você já vivenciou profissionalmente e pessoalmente?
Cresci em cidade pequena. Lá morava uma senhora que tem vitiligo. Apesar de usar maquiagem, ficava óbvio que eu também tinha. Lembro que eu saia com amigos e morria de medo de encontrar essa senhora na rua. Provavelmente por já ter superado o estigma do vitiligo, ela vinha tranquilamente falar sobre o assunto comigo. Com medo da exposição, eu acabava sendo grosseira e tentava dispensá-la o mais rápido possível. Hoje, penso que poderia ter aprendido muito com ela e admiro sua coragem.
Você gostaria de enviar uma mensagem para as pessoas que também são acometidas pelo vitiligo?
Cada um tem seu tempo. Isso é algo que a Jeane de 12 anos precisava ter ouvido. Quem gosta de você, não deixa de gostar por causa do vitiligo. Não ficamos o tempo todo pensando que a pessoa tem olhos azuis ou cabelo cacheado. Aquilo é algo dela. Você percebe, mas não fica pensando sobre aquilo o tempo todo. Chegar a essa conclusão me ajudou muito no processo de aceitação.
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